Farmacêuticos receberão prioridade em testes do coronavírus

Por estarem mais vulneráveis a ter contato com pessoas e objetos contaminados, os profissionais farmacêuticos terão preferência em testes que indicam a presença da Covid-19. Além do trabalho diário, a categoria tem sido importante ao fornecer os chamados testes rápidos, capazes de identificar a presença de anticorpos contra a doença causada pelo coronavírus.

A medida, na verdade, é uma lei federal (14.023/20) que foi sancionada na última semana e contempla uma série de atividades e profissionais considerados essenciais ao controle de doenças e também à manutenção da ordem pública, como médicos, bombeiros, policiais, agentes de saúde, dentre outros.

A implantação da lei visa orientar, em caso de positivo para o vírus, o afastamento instantâneo desses profissionais que atuam na linha de frente da doença. Desse modo, eles podem realizar o tratamento de maneira segura e impedir a transmissão para outros colegas, garantindo a suficiência da demanda e a queda na curva de contágio.

Ainda de acordo com o texto da lei, poder público e empregadores devem garantir medidas que preservem a saúde de todos os profissionais essenciais, além do fornecimento, de modo gratuito, dos equipamentos de proteção individual necessários para cada uma dessas atividades sancionadas.

Atualmente, o Brasil possui mais de 221 mil profissionais farmacêuticos, distribuídos em 135 especialidades. De acordo com dados da Abrafarma, até o início de julho, mais de 196 mil testes para identificar a presença do vírus foram realizados por farmacêuticos em contato direto com pacientes, por meio da coleta de sangue com furo na ponta do dedo.

Adesão aos testes rápidos cresce no país

Em tempos de pandemia causada pela Covid-19, os testes rápidos de farmácia têm se tornado alternativa para identificar a presença de anticorpos no organismo, servindo até mesmo para aqueles que não apresentam sintomas da doença. Desde junho, o número de testes vem aumentando progressivamente e, no recorte dos dias 22 a 28 do último mês, quase 50 mil pessoas realizaram o procedimento nas farmácias.

Ao todo, 1082 farmácias oferecem o serviço no Brasil, com a maioria localizada no estado de São Paulo e em Minas Gerais.  Os dados foram revelados pela Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que usou como base 196.529 testes aplicados até o último dia 05 de julho.

Números coletados de  28 de abril e 28 de junho mostram que São Paulo lidera a lista de testes rápidos com 51.517. Se olharmos para o estado com o maior número de infectados proporcionalmente ao número de testes, a liderança fica com o Amapá (36%). Na contramão está outro estado da região norte e o menos populoso brasileiro. No Tocantins, dos 292 testes feitos, 278 apontaram o resultado negativo.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aprovou uma série de produtos classificados para a realização de testes rápidos, mas salienta que cada produto é único e possui limitações de uso e desempenho. Existe ainda um programa de monitoramento que mede a precisão dos produtos que estão sendo colocados para consumo, em parceria com o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (INCQS/Fiocruz).

O teste rápido identifica se a pessoa já teve ou não contato com o vírus e passa a ser eficiente a partir do sétimo dia de sintomas de uma pessoa infectada. No entanto, de acordo com os produtos registrados na Anvisa, os resultados têm aparecido a partir do 10º dia. Vale ressaltar ainda que o teste rápido não é o diagnóstico definitivo da presença ou não da Covid-19 no organismo e que a confirmação deve ser feita por ensaio molecular (RT-PCR).

Ou seja, por mais que o teste de farmácia acuse como negativo, a recomendação é de que o paciente se mantenha em isolamento por 14 dias após o início dos sintomas, de acordo com o Ministério da Saúde. Ao profissional de saúde que aplica o teste, o uso de EPI específico é obrigatório para proteção própria e das demais pessoas. No caso do paciente, o procedimento segue o mesmo para qualquer situação fora do ambiente domiciliar: distanciamento social, uso de máscara e álcool gel.

Farmacêutica ressalta importância da farmácia clínica na atenção básica

Ser farmacêutica clínica rendeu bons frutos no campo acadêmico e  profissional para Nayanne Lara de Lima. Atuante na área de saúde mental, do município de Murici/AL, ela relata a importância da assistência farmacêutica na atenção básica. Nayanne é farmacêutica há quatro anos e especialista em saúde mental, especialista em farmácia clínica e pós-graduanda em farmácia hospitalar.

Na última semana, a farmacêutica teve seu artigo aceito no I Congresso Norte-Nordeste de Saúde Pública. O trabalho é fruto do TCC da especialização oferecida pela Faculdade Cathedral, em parceria com o IBras. “Ressalto a importância do incentivo dos docentes da instituição na produção de trabalhos e em publicações de trabalhos científicos; a pós me ajudou bastante no meu dia a dia de trabalho, me proporcionou conhecimentos práticos e científicos”, afirma.

Nayanne atua no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Murici. Durante a pandemia, ela realiza o atendimento de forma individual, na instituição e em visitas domiciliares, seguindo todos os critérios de proteção, para garantir que o usuário continue com o acompanhamento farmacoterapêutico.

A orientação é voltada diretamente para o paciente e sua farmacoterapia e também por atividades terapêuticas, visando a orientação coletiva dos usuários e familiares. “O farmacêutico clínico tem um papel fundamental na saúde mental, onde realiza ações e orientações ao usuário com transtorno mental, seus familiares ou cuidadores a respeito dos psicofármacos, tendo a política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) como um dos pilares no tratamento deste usuário”, explica. A PNAF compreende um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva e coloca o medicamento como insumo essencial.

Em 2019, Nayanne participou da capacitação em assistência farmacêutica para profissionais do SUS, no centro de simulação realística do Albert Einstein.

Seu artigo acadêmico também aborda a importância da assistência farmacêutica na atenção básica. Por meio da revisão de literatura, qualitativa e narrativa da farmácia clínica, Nayanne observou que boa parte dos municípios brasileiros sofre com o desabastecimento de medicamentos essenciais para a população. “A assistência farmacêutica é caracterizada por não ser estritamente o serviço de distribuição e/ou entrega de medicamentos e sim a compreensão de um conjunto de procedimentos que são essenciais para a promoção, prevenção e recuperação da saúde”, explica.

A farmacêutica ressalta que o profissional possui papel crucial nesta assistência, assegurando que ele é o único profissional da equipe de saúde que possui a sua formação técnica-cientifica com fundamentação na articulação de conhecimentos. “O farmacêutico exerce um papel fundamental na saúde pública, prestando um serviço de qualidade à população. É um profissional aliado às informações sobre o uso adequado e segurança do paciente na utilização de medicamentos”, completa.